2008 – maio, 30 – Inauguração do Museu Iberê Camargo, um dos maiores artistas plásticos gaúchos, nascido em Porto Alegre, 9 de agosto de 1994, e falecido em 1995. Ele foi um grande pintor,gravurista e professor brasileiro. Logo de sua morte foi criada a Fundação Iberê Carmargo que providenciou a construção do portentoso Museu, de frente para o Guaíba, com uma privilegiada visão panorâmica da orla do rio, sobretudo no pôr-do-sol.
Endereço: Avenida Padre Cacique, 2000 | Como chegar >
Telefone: (51) 3247-8000
Porto Alegre Merece esta Obra
Luiz Paulo de Pilla Vares
http://www.pilla.vares.nom.br/
Vou resistir à tentação de escrever sobre as Olimpíadas. Tanto já foi dito, tantos os lugares comuns e as obviedades que resta muito pouco, quase nada, de original ou, ao menos, interessante para que se possa comunicar algo novo aos leitores. E, além do horário proibitivo, são poucos os esportes que me empolgam nos Jogos. Basta, portanto, apropriar-me do espírito da crônica de José Geraldo Couto, da Folha de S.Paulo no último sábado: não porque no iatismo tem uma bandeirinha do Brasil que eu vou ficar torcendo. Acho muito chato iatismo. E também o hipismo, o levantamento de peso, o tiro ao alvo e por aí vai. Então vamos para outra.
Sou um mal humorado durante todas manhãs. Faça chuva ou sol radiante, sou um mal humorado incorrigível durante as manhãs, creio que por causa de uma rinite que me persegue há anos. Mas, numa bela manhã, cheia de sol, temperatura agradável, fomos visitar a Fundação Iberê Camargo em seu novo prédio, de frente para o Guaíba. E foi só chegar diante da obra que o meu mau humor desapareceu imediatamente. As formas leves e, ao mesmo tempo, ousadas proporcionam uma idéia de vida que não dá lugar para o mau humor. E logo começamos a pensar sobre o poder da arte, a capacidade que a criatividade do espírito humano tem em nos conduzir a uma outra realidade, a da imaginação sem limites. Pois é isto o que nos oferece o prédio da Fundação Iberê Camargo, um projeto notável do arquiteto português Álvaro Siza, prêmio Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza em 2002.
A impressão que se tem olhando o prédio de fora só se acentua quando percorremos o seu interior, caminhos que em suas linhas retas e em suas leves sinuosidades nos dão sempre uma magnífica sensação de liberdade espiritual. O prédio revolucionário abriga em seu interior, é claro, o acervo da Fundação, as obras de um dos artistas plásticos mais importantes do Século XX. Sempre tive uma profunda admiração pela obra de Iberê Camargo, admiração que só aumentou com o transcorrer do tempo e com a serenidade necessária à contemplação que a idade tem o poder de ampliar. Assim, saí de nossa visita plenamente recompensado, com o espírito calmo, certo de que Iberê tinha, afinal, um prédio à altura de seu trabalho e que Porto Alegre tinha conquistado uma obra extraordinária que faz o milagre de reconciliar a cidade com o seu rio, de oferecer a imagem de beleza que possui a capital gaúcha que, sem dúvida, merecia a Fundação que hoje se incrusta em sua paisagem, tornando ainda mais bela e mais Porto Alegre. Ora, as Olimpíadas..–
14/08/2008 - Zero Hora
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